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terça-feira, 18 de outubro de 2011

A CENA

Apenas vi a cena do crime, lembrei-me do Fuinha, menino de quem mamãe cuidava. Ele gostava de recortar imagens de revistas e colocar as partes uma ao lado da outra, mas: a perna esquerda no lugar do braço direito, o braço direito no lugar da perna esquerda e assim em diante. Geralmente a cabeça ele a colocava no lugar do pênis quando se tratava de figura masculina. Quando se tratava de mulher a cabeça desaparecia. Enquanto ele fazia isto com figuras de revistas, achavamos graça. Quando, porém ele começou a esquatejar as bonecas de Carolyne, a confusão se armou. Certa vez Carolyne chegou a cortar-lhe o dedo, a ponto de quase arranca-lo fora. Ele depois disto, ficou um bom tempo sem aparecer, mas como a mãe precisava trabalhar e não conseguia niguém para ficar com ele, mamãe o assumiu novamente. “Se ele tocar em minhas bonecas eu o retalho”, gritou Carolyne, assim que a mãe o deixou no portão... A coisas correram tranquilo durante um bom tempo, até que o gato da vizinha apareceu esquartejado... Ele e a família tiveram que sumir às pressas. O vizinho prometera morte... Fazem já trinta anos que tudo isto ocorreu, mas a cena do crime trouxe-me à mente Fuinha. Diante de mim estava a sua assinatura. O corpo de mulher esquartejado com os membros em posição contraria e ausente de cabeça; eu tinha plena certeza de ser ele o autor de tal brutalidade... Liguei para mamãe para saber se ela recordava o seu nome e se tinha alguma informação a seu respeito, uma vez que a mãe e mamãe eram muito próximas. Foi então mamãe quem disse-me de sua troca de sexo e que quem o tinha encontrado recentemente fora Carolyne...
Na delegacia Carolyne explicou que o gato tinha sido apenas um teste... Quando perguntei-lhe da cabeça, ela me levou até a boneca: “Eu havia avisado!”

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