Seguidores

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SE MORRE

A criatividade divina, para os que acreditam na criação, é imensurável. Basta olharmos atentamente para um jardim e encontraremos já considerável diversificação. Se atentarmos um pouco mais o olhar, observaremos que entre vermes, formigas, lagartas, besouros e joaninhas entre outros, a variedade é imensa. Considerando apenas o reino animal, que engloba desde um simples protozoário até o mais elaborado dos mamíferos, os biólogos, segundo li, calculam cerca de 1.300.000 o número de espécies. Estes dias eu me encantei com um simples verme ou inseto, não sei diferenciar uma coisa de outra, em meu jardim. Parecia um fio de cabelo curto, verde, que para se locomover se encolhia todo e em seguida e abria. Neste movimento sanfonico, ia o quase imperceptível animal. O reino vegetal é tão diversificado quanto o reino animal: se compõe de algas, ervas arbustos, arvores, flores que por si sós já me encantam. Mas o que isto tudo tem a ver com a morte?. É que o dia de ontém era propício a se pensar nisto. E conclui que, neste quesito, a criatividade divina é de uma diversificação também imensurável. Tá certo que os mais argutos, irão lembrar-me que a morte não é criação divina, mas fruto da desobediência humana. Tudo bem, aceitamos a tese. Mas que o criador aproveitou a deixa, isto lá ele fez! Se morre de câncer, e não existe um só tipo, mas uma infinidade de tipos de câncer. Se morre dos mais variados tipos de acidente. Um vizinho meu morreu com uma simples pedrada que o neto, brincando, lhe deu. Se morre derrepente, você deita, dorme e não acorda mais: não neste mundo. Se morre de amor, de susto, de prazer, de dor. Às vezes a alegria é tanta que o coração não aguenta. Um amigo meu morreu nos braços da amante. Como desejo esta morte! Já um outro, levantou, tomou banho, arrumou-se para o trabalho, sentou para tomar café... Ele ainda nem estava acostumado com a idéia de estar aposentado. Digo a meus alunos que não devemos ter medo da morte e sito-lhes um trecho de texto que li de Istvan Orkeny: “todos os nossos minutos pertencem à morte. Todas as nossas horas, os nossos dias. A unica coisa que não sabemos é qual será aquele instante dentre tantos, que ela haverá de escolher...” (A exposição das Flores). Então não devemos ter medo da morte, digo lhes, devemos ter medo de sermos matado dorosamente ou não e principalmente de matarmos. A criatividade divina não tem limite, no entanto não quero que se atribua à sua vontade, algo que eu poderia ter evitado. Evito morrer desnecessáriamente, evito morrer banalmente, evito morrer inconsequentemente, evito morrer. Sobretudo me educo a não ter sobre minhas mãos a morte acidental ou voluntária de um outro ser, porque eu aprendi e aceito que Deus se torna impotente ante minha liberdade e não pode responder pelos meus atos.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário