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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Quadro

Minha mãe sempre me ensinou a não levar coisas do lixo para casa... Retorno da escola pensando em Gleice Kelly, aluna do segundo médio. Morena, alta, olhos esverdeados, corpo bem formado... Caminho imaginando entrar um dia em aula e encontrá-la só, nua, que com voz suave diz-me atraída e desejosa de mim. Logo me encontro lançado sobre seu corpo quente e tenso, pulsando e transpirando intensamente... Atravessando de um lado ao outro da rua, passo por uma caçamba e percebo nela um quadro que me atrai a atenção: é uma replica perfeita da Vênus Adormecida de Giorgio da Castelfranco. Não penso duas vezes, pego o quadro e o levo comigo. Em casa deixo-o no sofá, para instalá-lo com calma na manhã seguinte. Entro no banheiro e tomo uma chuveirada e retorno a pensar em Gleice Kelly. Saio do banho, vou à cozinha, aqueço no micro-ondas um pedaço de pizza da noite anterior, abro uma cerveja, vou pra cama: “demorou amor!”.  A Vênus me esperava, sorrindo-me. Na verdade era Glaice Kelly que eu via ali sobre meu leito, representando a cena di Giorgione e era real. “Como você entrou aqui?”, perguntei-lhe embasbacado. “Você me trouxe!” “Eu?” “Amor não se faça de bobo! Vem me aquecer, vem! Que banho demorado o teu!” Nunca havia amado tanto uma mulher como amei aquela noite Gleice Kelly... “Amor, você soube do professor de artes aqui do lado? Dizem que sumiu.” “Fiquei sabendo, foi o seu irmão quem deu-me este quadro de o Homem Condenado, de Michelangelo, disse que foi a única coisa encontrada em seu apartamento.” ... Devia ter dado ouvidos à minha mãe.

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