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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Os canteiros de Couve

Amaro entrou no banho. Amarilda, saindo, gritou-lhe: “estou indo comprar cigarro e já volto!” Quando Amarilda voltou estranhou que Amaro ainda estivesse no chuveiro: “Hei amor olha o desperdício, olha a conta no fim do mês!” Amaro não respondeu. Amarilda abriu a porta do banheiro. O banheiro vazio, o chuveiro escorrendo água: “Este Amaro! Oh homem desligado”. Amarilda ascendeu um cigarro, foi para cozinha, tomou café, picou a couve, cozeu o arroz, temperou o feijão, fritou o bife, pôs a mesa, ascendeu um cigarro: “Amaro está pra chegar”, foi ao portão... Fez hoje cinqüenta anos que Amaro desapareceu, enquanto Amarilda foi comprar cigarros. E a cinqüenta anos Amarilda cumpre todos os dias o mesmo ritual. Sua vida estacou ante o banheiro vazio. Mas hoje, quando Amarilda, voltando da venda, entrou em casa e gritou: “Hei amor olha o desperdício, olha a conta no fim do mês!”, e correu à porta do banheiro e a abriu, Amaro sorriu-lhe: “amor só mais um instantinho!”, Amarilda ascendeu um cigarro, foi para cozinha, pegou a faca... Todos admiram a horta de Amarilda: “como são bem cuidados estes canteiros de couve, dizem os vizinhos”. “Amaro gosta tanto de couve”, responde Amarilda.  

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