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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A PROTESE

Michelly Jhacson tinha um belo corpo: esguio, seios arredondados e firmes, não muito grandes, belas pernas e um bumbum que “só por Deus”, como dizia, Apolônio. Todos admiravam sua beleza, mesmo as meninas, que demonstravam uma pontinha de inveja. Apenas Khelly Key, com seus olhos azuis lhe era rival à altura. Quando Michelly passava, suspiravamos e nossos olhos a seguiam avaros. Michelly, no entanto encasquetara que não era tão bonita como queriamos nós. Se olhava no espelho e não se conformava: os seios, sim!, os seios não lhe agradavam, pareciam-lhe pequenos. Michelly decidiu: “devo colocar protese!”. Michelly ficou, como dizia um amigo, “a gata”. Nem mesmo Khelly Key foi lhe pario, até que, também, recorreu à mágica da cirurgia estética. Michelly agora desfilava com satisfação seu corpo por entre nós, a quem dava-nos apenas este direito: de babar por ela. Michelly não queria nada com “esses pés chatos do bairro”, como dizia. Ela sonhava com o estrelato, e vivia correndo atrás da oportunidade de participar destes reality que infestam a televisão. Uma vez chegou a participar de um programa de auditório como Garota Morango. O fato é que, desde que começaram a sugir problemas com as proteses de silicone da PPI, Michelly anda acabrunhada. Ela chegou a ligar para seu esteticista, que garantiu-lhe : “ eu trabalho com  proteses rigorosamente avaliadas e regulamentadas pelos orgãos de saúde da Europa e Estados Unidos”. Mas Michelly encasquetara e, de modo quase doentio, se auto analizava repetidamente, receiando estar carregando um mal indelével em seu corpo. Do dia pra noite  Michelly se apagou, passava por nós e percebiamos, não mais atração e desjo, mas preocupação por ela.  A beleza de Michelly desaparecera entre seus receios e o mal estar que estes receios lhe causavam, nos atingiam de alguma forma. Sofriamos com Michelly... Ontém Michelly acordou no meio da noite, levou a mão ao seio e sentiu o visgo, gelou súbito: “Meu Deus! Vazou!”. O espanto maior veio-lhe em seguida, quando sentiu algo sugando-lhe o outro seio. Um ser informe, gelatinoso, brotara de uma de suas proteses e se alimentava da outra. Michelly, passado o espanto: “menos mal, não é um cancer”.  


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