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terça-feira, 20 de setembro de 2011

INVOLUNTAS ONÃ

“O nome é tudo”, dizia Adodonias à esposa, “nome não apenas expressa aquilo que o ser é, mas sobretudo a que está destinado”. Adodoaldo tentava convencer a consorte quanto ao nome do filho que planejavam ter; “Veja meu bem, que nome sonoro: Petrus! Sente que força: Petrus! E tem mais, o significado, a etimologia. È de origem aramaica Khefa que significa pedra, rocha. Tem referências biblícas: O Senhor Jesus o usa com Pedro, e é ai que vou chegar meu bem”... A esposa não gostava quando Adodonias usava da sagrada escritura para convencê-la de algo: “vou fazer um café disse”... Adodoaldo continuava “Jesus disse a Simão: tu és Kepha e sobre esta kefha edificarei minha Igreja... Estas lembrada da parabora da casa sobre a areia e da casa sobre a rocha... Então, minha querida: Petrus vem de Kephas que foi traduzido do aramaico para o grego como Petros e dai para o latim Petrus. Nosso filho vai ser uma pedra, uma rocha, onde se poderá construir uma Igreja. Imagina o sentido de Igreja como morada do sagrado. Quer destimo maior pro nosso filho: Petrus será o seu nome! Até ai, a esposa era de acordo, não tinha objeções a fazer e versava tranquilamente a água no coador, liberando o delicioso aroma. Pensava apenas que poderia ser Pedro. Adodonias, porém insistia em Petrus, achava mais original e depois combinava com o cognome: Erectus! “Petrus Erectus”. A esposa resistia ao “Erectus”. Adodoaldo explicava “Erectus; adjetivo de origem latina, para dizer erguida em linha reta, que anda em pé, como em Homo erectus, levantado... Petrus Erectus, que sonolidade, que força, que significado: a pedra onde se pode edificar porque se mantem elevada, levantada, podemos dizer: que não se curva”. A esposa achava tudo muito bonito, se divertia com o entusiasmo de Adodoaldo. Mas pensava já no menino tendo que explicar tudo isto aos amiguinhos de escola, nas apurrinhações que o pobrezinho passaria se seguisse o ânimo do pai. Pensava o menino advogado e o via sendo apresentado diante do tribunal: senhores para representar aqui à frente o réu Fulano de Tal, acusado de violência carnal contra a senhorita... o Sr. Petrus Erectus. Emaginava-o médico e à porta de seu consultório: Médico Genicologista ou Proctologista: Dr Erectus... Não, decididamente não! Erectus estava fora de cogitação. A esposa conjecturou todas estas situações e outras com Adodoaldo, mas este parecia irresoluto e teimava ser este o nome perfeito ao futuro rebento. Além do mais Adodoaldo não pensava profissões comuns ao filho, afinal de contas “o filho teria nome imponente, porque a ele se reservava destino imponente... seria o que lidera, o que comanda, o que decide, estaria ao mais elevado posto”... “Meu bem ânimo então” disse-lhe a esposa em tom jocoso: “Erectus, vamos!” Adodoaldo olhou para a esposa amuado. “Deverias chamar-te Involuntas Onã!”, disse-lhe a esposa, megulhando pão no café.

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