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terça-feira, 1 de maio de 2012

ANUNCIAÇÃO

Teus olhos melancólicos acompanhavam o cair da tarde, a fina garoa banhando o gramado e encrespando o lago, os passos apresados de um casal indo para o ponto de ônibus. Eu lia Hölderlin de uma tradução inglesa…

 “And when Nature appears to sleep at some seasons,

Either in the sky or among plants or nations,

So the aspect of poets is also mournful.

They seem to be alone, but their foreknowledge continues.

For Natures itself is prescient, as it rests.”…

                                                  E quando a Natureza parece dormir em algumas estações,

                                                  Seja no céu ou entre plantas ou nações,

                                                  Assim, também o aspecto dos poetas é triste.

                                                  Eles parecem estar sozinhos, mas a sua presciência continua.

                                                  A própria Natureza é presciente, quando repousa.

Do apartamento ao lado vinha o aroma de café coando. “Vamos ao Capuccino?” Me perguntou. “Deu-me vontade de tomar café e comer daquelas brioches recheadas que eles vendem”.

                                                  “Toda criação, a Natureza sente o entusiasmo de novo,

                                                    De Um-eter do abismo,

                                                   Como quando ela nasceu do Caos santo,

                                                   De acordo com a lei estabelecida”, recitei-te.

Beijastes-me os lábios com ternura: “Eu te amo! Sabia?”... “Então, vamos!?, sorrindo me ternamente.

O Capuccino está sempre cheio, a esta hora é dificil encontrar um bom lugar. As brioches estão, como sempre maravilhosas, pareces uma criança diante de uma panela de doces...

É saboroso contemplar-te assim quando não te esvai, vagando o olhar por entre as pessoas e as coisas, procurando-lhes elos. “Eu gosto de dias assim”, dizes-me, “em que as pessoas andam encolhidas, esfregando as mãos, estalando os dentes... perdemos um pouco da arrogância, percebemos melhor a importância das coisas, de um afago, um abraço...”  

Proponho-te caminharmos pela ladeira dos bancos e passarmos pela Galeria. Você se enlaça a meu braço sob o guardachuva: “Só se me pagares um churros!”

“Acabas de comer dois brioches recheados”, retruco, carinhando-te o nariz. 

“Deu-me vontade de comer churros!”

Firmaste-te ante uma loja de artigos infantis. Entrates e fuxicastes em algumas gondolas. “O que achas?”, mostrando-me uma peça que cabe nas palmas de minha mão...

“Bacana! Pra quem é”, perguntei

“Para alguém que vai gostar muito de brioches e churros...”, sorriste-me.

Meu coração ainda pulsa euforia e incertezas. Com a mão pousada sobre teu vntre, tento dormir, mas o sono me abandonou: Assomam-me tuas palavras: “serás pai em breve!"

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