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domingo, 6 de maio de 2012

SITUAÇÕES CORRIQUEIRAS


A densa neblina não nos permitiu ver bem. Ouvimos apenas o baque seco. Quando percebemos o corpo estava lá estatelado. Nunca ficou provado o suicídio de Lux Aphonso. Durante anos cogitou-se crime passional, mas também nada se comprovou. O prefeito de plantão alegou perseguição política, que ele e a primeira dama tinham uma sólida união, e que: “jamais”, embora Lux Aphonso fosse seu chefe de gabinete, “tive qualquer contato com este infeliz. Categoricamente: eu não o conhecia”. A primeira dama também, em prantos, durante uma memorável entrevista, negou qualquer conhecimento do “sujeito”. “isto é intriga da oposição, que para atingir ‘Lauzinho’, maculam nossa bela história de amor”. Mas quando lhe perguntaram como ela poderia não conhecer Lux Aphonso, uma vez que estudaram na mesma escola e mesma classe do ensino fundamental ao termino do médio: “Ele devia sentar no fundo, eu era muito aplicada e estudiosa sabe, só prestava atenção aos professores”.   Ao fim passou-se por acidente. Devido a densa neblina Lux Aphonso não percebera a barreira de proteção e, por descuido, voo do décimo quinto andar. O que não ficou esclarecido é o que ele fazia àquela hora da noite em um prédio em construção e o que significava aquela peça de langerie em sua boca. Mas tudo me parece mais confuso agora, pois posso jurar que acabo de ver sair deste motel, em fim do mundo, Lux Aphonso de braços dado com – porque eu não tenho uma câmara. Todo mundo tem! – ‘Lauzinho’, que até hoje não explicou onde foi parar os recursos para o hospital municipal, que esta com as obra por finalizar desde que Lux Aphonso ali foi encontrado estatelado.

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