A densa neblina não nos permitiu ver bem. Ouvimos
apenas o baque seco. Quando percebemos o corpo estava lá estatelado. Nunca
ficou provado o suicídio de Lux Aphonso. Durante anos cogitou-se crime
passional, mas também nada se comprovou. O prefeito de plantão alegou
perseguição política, que ele e a primeira dama tinham uma sólida união, e que:
“jamais”, embora Lux Aphonso fosse seu chefe de gabinete, “tive qualquer
contato com este infeliz. Categoricamente: eu não o conhecia”. A primeira dama
também, em prantos, durante uma memorável entrevista, negou qualquer
conhecimento do “sujeito”. “isto é intriga da oposição, que para atingir ‘Lauzinho’,
maculam nossa bela história de amor”. Mas quando lhe perguntaram como ela
poderia não conhecer Lux Aphonso, uma vez que estudaram na mesma escola e mesma
classe do ensino fundamental ao termino do médio: “Ele devia sentar no fundo, eu
era muito aplicada e estudiosa sabe, só prestava atenção aos professores”. Ao fim
passou-se por acidente. Devido a densa neblina Lux Aphonso não percebera a barreira
de proteção e, por descuido, voo do décimo quinto andar. O que não ficou
esclarecido é o que ele fazia àquela hora da noite em um prédio em construção e
o que significava aquela peça de langerie em sua boca. Mas tudo me parece mais
confuso agora, pois posso jurar que acabo de ver sair deste motel, em fim do
mundo, Lux Aphonso de braços dado com – porque eu não tenho uma câmara. Todo
mundo tem! – ‘Lauzinho’, que até hoje não explicou onde foi parar os recursos
para o hospital municipal, que esta com as obra por finalizar desde que Lux
Aphonso ali foi encontrado estatelado.
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