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sábado, 24 de dezembro de 2011

GELOSIA

“O pior ciúme é o ciúme do passado”, me explicava Donato. Isto porque eu lhe falava do barraco que minha companheira causou no mercado outro dia. Fazíamos as compra para a ceia, eu na gôndola de vinhos, ela procurando temperos. Sinto um leve toque em minhas costas, seguido de: “Olá Guido, tudo bem!” Virei e dei-me com Jhoana, uma amiga dos tempos de colégio... Mantivemos uma conversa muito rápida, coisa de uma ou outra informação. Do nada, do nada mesmo, o estouro. Viro-me, e o vinho escorrendo entre estilhaços pelo corredor: “cretino, filho da..., basta eu virar as costas...”, esbravejava minha companheira com o gargalo do litro na mão” Foi uma cena! E não tinha nada a ver com Jhoana, mas com uma nossa amiga em comum, que na adolescência eu havia paquerado. Minha companheira vendo-me conversar com Jhoana, pensou que eu estivesse a pedir-lhe noticias da outra. É assim que as coisas funcionam, eu não posso, quando entre amigos, sequer lembrar que estudei o ensino médio com a turma tal, que algo altera completamente o humor de minha companheira, ela assume uma outra personalidade. Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo que a faça lembrar esta minha ex paquera, porque não foi mais que uma paquera, ela sobe nos tamancos e a confusão esta armada. Certa feita, na fila do cinema, com um casal de amigos, o meu amigo resolveu lembrar de nossas escapadelas para irmos à lagoa... Fomos parar na delegacia...  Donato, então, me dizia que o ciúme assume muitas formas, mas a mais complicadas de todas é o ciúme do passado. “O passado, para o ciumento, é uma realidade tangente e ameaçadora; a qualquer momento ele pode irromper e despertar sentimentos que estão apenas adormecidos..., e uma relação que já não tem mais razão de ser, porque seu ponto final já foi posto, torna-se uma presença ameaçadora.” Donato, para exemplificar, contou-me, que um amigo, viúvo há algum tempo, havia se matado quando soube que um antigo namorado da esposa havia falecido de recente. “O cara se matou de ciúme do outro, que morto iria roubar-lhe a esposa”... “Isto é maluco”, completara. “Maluco”, coloca maluquice nisto”, emendei. As explicações de Donato são-me confusas e não ajudam muito. Eu gosto demais de minha companheira, sou capaz de mil loucuras por ela. Às vezes penso em colocar ponto final em nossa história, no entanto, maluquice ou não, são seus barracos que me fazem continuar com ela. Só quando ela se altera eu me sinto totalmente dela. Para não perdê-la, alimento o seu ciúme.

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