Nas controvérsias
sobre o achamento de nossas terras, há os que defenda que antes dos portugueses
outros navegantes já haviam aportado Tupinambá. Leopoldo, fantasma de família,
que diz ter sido conselheiro de Pedro II, disse-me ter documentos que comprovam
que já no primeiro século um discípulo de Cristo por estas terras andara, mas
como não falava a língua nativa, também desconhecida do Espirito Santo, deixou
uma carta escrita para a posteridade e foi evangelizar a Índia. Segundo Leopoldo,
a dita carta, encontrada por um Jesuíta em uma de suas Reduções, foi enviada a Portugal,
mas se perdera no caminho... Ontem, enquanto preparava-me para a manifestação, e
já pensando como me arrastaria aos lábios de Jandhiele, Leopoldo, com seu
tradicional método de me atrapalhar em minhas conquistas, apareceu-me com um
manuscrito esfacelando-se todo. “Eis meu caro, eis a carta do comentado
evangelizador... Cuidado, cuidado que é uma relíquia, e custou-me uma descida
aos porões de uma embarcação naufragada... Custei a encontrar um marujo que me soubesse
indicar a embarcação correta, pois poucos sabiam deste documento, enviado sob
sigilo... Mas tive a sorte de, no memorável réquiem a Anchieta, resvelar-me no
tal jesuíta que o enviou à corte”. Leopoldo falava com tanta empolgação e eu
preocupado em não me atrasar, porque Jandhiele exigia pontualidade, não conseguia
acompanha-lo. “não te preocupes, não te preocupes, meu amigo, o Judeu errante, o
traduziu. Queria apenas mostrar-te o original. Veja é uma preciosidade de
documento... Deixo-te a tradução, e parto imediatamente, o Magnânimo está às
voltas com a Confederação Argentina, e precisa de meus préstimos.” E, advertindo-me: “Não vai rolar! É assim que vocês dizem hoje?
Não vai rolar, meu caro! Não vai rolar!”, sumiu em gargalhadas. É próprio do Leopoldo estas tiradas. A carta
que ele me deixou está aqui em algum lugar, achando-a eu a leio. Odeio suas
advertências, odeio!
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