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domingo, 16 de junho de 2013

O MONGO

Conversando ontem com o companheiro Milton Bueno saltou-me a seguinte História

 

A maior atração do parque era o incrível homem Mongo. A fila para ver o espetáculo da transformação do pacato Jrmir em uma fera, não tinha fim. Um cartaz enorme à entrada da tenda do Mongo advertia cardíacos e congêneres da não indicação médica para o gênero de diversão. Era vetado também para crianças e mulheres grávidas. Eu aproveitei o descuido do segurança, que espichou os olhos para o decote da morena, e a foi acompanhando com o alhar. Entrei de surdina. Por isso não tive direito à minha porção de vinagre.  A tenda em seu interior era toda negra com uma luz permitindo ver o palco com um cenário familiar de uma sala com sofás e ao fundo uma porta que nitidamente dava a entender tratar-se de um banheiro. As luzes apagando-se iniciava o espetáculo, com uma música suave acompanhada da voz de um locutor que me lembrou Gil Gomes. De início, enquanto o locutor apresentava Jrmir, encontrado numa selvagem cidade de pedra, em que as pessoas viviam se degradiando para ver quem podia mais, quem tinha mais, quem mais proveito tirava até de situações as mais banais. Jrmir em cena aparentava um sujeito comum, deste que ao domingo vai à missa ou a culto da palavra, joga bola com amigos, toma umas cervejas e torce, no fim de tarde, pelo seu time, acompanhando o jogo pela televisão. O espetáculo começa a ficar tenso, quando o locutor pausa e como se assistíssemos televisão com Jrmir, ouvíssemos o apresentador anunciar: “Boa noite, o Show da Vida está no ar!” Tudo se escurece e a porta ao fundo, aquela que indica um banheiro se abre, e notamos que Jrmir por ela se perde. A narrativa, se torna tensa, a música assume um compasso de filme de suspense. O locutor anuncia, aterrorizado: “Meu Deus, Jrmir se transformou na fera”. Foi um pandemônio, o ar empesteou-se de gás de pimenta, tiros de borracha cruzavam o apertado espaço da tenda, luzes frenéticas e sirenes ensurdecedoras aumentavam o clima de insegurança e terror.  Pessoas corriam desorientadas para fora da tenda. Jrmir estava apenas vestido de farda.

 

 

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