No período da manhã eu
frequentava a escola regular e no período da tarde o SENAI. Minha irmã também estudava
de manhã e na tarde fazia um interminável curso de Informática Administrativa.
O mais novo, ainda em fraldas, ficava com uma rapariga de nome assaz estranho:
Iacaninã, que preferíamos chamar
Ninha. Com desesseis para dezessete anos,
Ninha era bronzeada, olhos esverdeado e não andava, serpenteava, ondulando
sobre os ombros cabeleira negra como carvão. Comecei a sentir-me atraido por
Ninha, casualmente. Foi durante uma quermesse, notavamos que dois ou três
amigos nossos haviam desaparecido em questão de meses. Uma familia havia até
distribuido catazes. Ninha passou por nós, e o Pedro, entre gracejos,
perguntou-me: “Já pegou?” Os olhos todos voltaram-se pra mim, silênciosos,
esperando confirmação. A expressão em meu rosto me delatava. “És um frouxo”,
riu Pedro seguido dos demais. Até então eu nunca havia olhado para Ninha com
olhos de desejo. Passei a reparar melhor seu corpo, seu olhar, sua voz, e
comecei a sonhar... Certa feita, resolvi que arriscaria aventurar-me para cima
dela. Era uma quarta feira, mãe deixou minha irmã na informática e acompanhou-me
ao Senai, e seguiu seu caminho para o escritório, como sempre. Esperei quinze minutos, dei meia volta e retornei para
casa. No caminho ia criando uma desculpa. Chego em casa observo que o mais novo
dorme em seu berço, mas não precinto a presença de Ninha. Percebo então rumores vindo da garagem: “Vou pregar-lhe
um susto”, penso. Pé ante pé, tentando controlar a respiração, trêmulo, aproximo-me da porta de acesso à
garagem, evitando barulho. A porta que dá acesso à garagem é apenas entreaberta,
lanço os olhos entre as fretas. Ninha está tirando a camiseta,... baixando o
shortes... Prendo a respiração e tento ver quem está com Ninha, mas não
consigo. Abro a porta cuidadosamente, Ninha, que então, estava curvada, ergue a
cabeça e espicha o olhar para minha direção, foi o tempo de deitar-me ao chão.
O que presenciei logo em seguida, foi o motivo de minha sincope: Ninha numa
bocada só engolira um corpo mediano. Depois disso nunca mais eu vi o Pedro.
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