Januario estacionou o carro.
Esperou alguns minutos e, impaciente, desceu do carro e aguardou, caminhando de
um lado para o outro. Fumou um dois
cigarros. Praguejou roendo os dentes. Ao longe um vulto foi ganhando forma, foi
aproximando-se. Januario ensaiou um suspiro aliviado, ao mesmo tempo o coração
acelerou, o suor brotou-lhe às mãos. Quando, Cleonice estendeu-lhe o rosto
esperando o beijo, Januario atrapalhou-se todo. Cleonice sorriu... O filme não era dos melhores, e Cleonice aguardava
ansiosa a mão de Januario tocar a sua, esperava algum sussurro em seu ouvido,
esperava... Januario ensaiava, ensaiava, ensaiava, mas o coração acelerava, as
mãos tremiam, a língua se prendia ao palato, serrada entre os dentes... “A epifania
deu-se e o mundo se acabou”, contou-me Januario, da seguinte maneira: “eu não
tinha coragem homem, uma força descomunal prendia-me à cadeira do cinema, sedava-me
de uma inércia descomunal. Mas homem, eu via Cleonice emburrando-se, levantando-se
de seu canto e saindo da sala. Eu exasperei catatônico. Esvaneci, homem! Esvaneci!...
“Nunca
homem nenhum disse-me coisa tão bonita”, dizia-me Cleonice, selando-me um beijo
nos lábios, enquanto o funcionário do cinema me oferecia água.” Cleonice ofereceu-me café, enquanto Januario
me descrevia entre risos as confusões do casamento.
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