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domingo, 10 de março de 2013

HANNAH

Ser em si, é ser e não ser! (Rodner Lúcio)
 
Masturbava-se beijando Hannah, pensando ser uma mulher normal, uma mulher que trabalha e ama seu marido e seus filhos... Massageava em ritmo frenético o clitóris; “eu queria que fosse bem peluda", dizia-lhe Hannah. O espelho não lhe mostrava o que queria ver. Teve sempre a impressão de não ser. O marido os dois filhos, Hannah eram projeções do que não era. Não sabia o que era ser. O pai levava-a com ele às missas de domingo e depois ao campo de futebol. Os homens se trocavam à beira do campo falando besteiras. Não tinha nada a ver com o mundo do pai. A mãe passava a tarde toda diante do espelho procurando rugas e cabelos brancos. Hannah era o seu anverso, "para definir a personalidade animalesca que ela tem. É uma mulher que não está aí para noções de propriedade; o negócio dela é consumação." “Mãe nunca se viu no espelho!” Hannah dizia-lhe que “diante do espelho nos projetamos, temos uma face que nunca se encontra na vida vivida”. Beijou Hannah na boca e correu-lhe a língua pelo corpo. Aprofundava-lhe as entranhas o cabo da escova. Passou a maior parte da vida querendo ser o que esperavam que ela fosse. O corpo estremeceu. Fez a vida toda o que era certo, cuidou da casa, do marido, dos filhos... Fechou os olhos e deixou a água do chuveiro escorrer sobre o corpo relaxado. Hannah sorria-lhe. Era apenas uma mulher normal diante do espelho.

 

 

terça-feira, 5 de março de 2013

ROSALVA


Rodovaldo estava resoluto: “hoje ponho fim a esta história [...] Quero ver quem me segura!” Tomou o conhaque, carregou a arma, colocou-a na cintura e saiu decidido: “Daria um tiro só, no meio da cabeça”.  À altura do km 15, Rodovaldo  foi abordado por uma patrulha rodoviária. Não fizeram caso da arma. Rodovaldo tinha porte legal. Prenderam-no por dirigir alcoolizado. Graças à nova lei, Rosalva, pôde dormir aquela noite.